quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Manguetown

Hoje à noite embarco para Ricifi. Vou ricifarrear e Olindear. Por quê? Não me perguntem isso porque nem eu mesmo sei. Sou movido à curiosidade. A resposta que dou é que eu era daqueles tipos de criança que abriam qualquer brinquedo para saber como ele funcionava. Pois é... vou deixar o carnaval de EsseEsseÁ, que já conheço desde criancinha, e pegar a estrada. Salve BRA, Salve Gol. O que seria de nós, pobres proletários (redundância), sem a existência desses ônibus que "avoam", não é mesmo, minha gente?

A pessoa, que deixa pela primeira vez o carnaval de EsseEsseÁ. Drama!

Este ano, EsseEsseÁ deverá receber 470 mil turistas, número 8% maior em relação ao ano passado. Ou seja, a cidade vai bombar. Ainda mais com esse sol escaldante. Ano passado choveu horrores.Pois bem... só fico aqui se Daniela implorar. Chorar lágrimas de sangue. Ou de Crocodilo, não é verdade? hehehe. Aliás, vendi meu abadá do Croco... Se deu uma dor no coração, meu bolso sorriu horrores. Por falar nisso, este ano o super disputado camarote da Daniela terá como tema o Cinema Nacional. Ela se apresentará vestida de Tieta, Dona Flor e Xica da Silva.

...E vai perder Daniela fantasiada de Tieta

Outra grande perda será o Padre Pinto. Só não será pior porque, mesmo que eu estivesse em EsseEsseÁ, não o veria. É que ele, que já estava super animado com a agenda lotada para o Carnaval, "desistiu" de participar da festa. Cancelou as visitas que faria aos camarotes de Gilberto Gil, de Daniela e declinou o convite de desfilar no bloco afro Filhos de Gandhy.

...e não vai ver Padre Pinto, que foi convidado a calar a boca e ficar quieto

O texto que ele disse publicamente foi esse: “Estou fisicamente cansado, vou aproveitar esses dias da festa para me dedicar aos trabalhos artísticos”. Hummm... sei não. Acho que ninguém está convencido disso. Ainda mais porque a mudança de planos aconteceu depois de uma reunião com o superior geral da Congregação Vocacionista, Ludovico Cabultto, que veio da Itália especialmente para dar uma solução ao caso "Padre Pinto".

Cabultto se reunirá amanhã com o cardeal dom Geraldo Majella, presidente da CNBB e arcebispo de Salvador, para obter mais informações sobre o seu comportamento nos últimos meses. Para quem ainda não sabe, tudo começou depois que o Padre Pinto fez uma inusitada performance na festa de Terno de Reis da Lapinha, onde apareceu maquiado e vestido de Oxum. Chamaram o homem de louco, entre outras coisas, mas o único crime dele foi ter "estilo" numa organização que preza pelo impessoalismo. hehehe! Semanas depois, no Festival de Verão, Pinto disse para quem quisesse ouvir que dom Geraldo era "despreparado artísticamente". Acho que bispo não vai ser... tipo assim... muito legal, não.

U2 na Bahia
Também vou perder o frisson que vai ser os astros do U2 no camarote do ministro Gilberto Gil. Flora deve estar ner-vo-sa com tantas solicitações do povo (artistas da axé music e da Globo, socialites e um batalhão de jornalistas) que quer ver o homem que beijou Katilce Miranda. A única que não está nem aí é a Preta Gil. Questionada se estava ansiosa pela presença de Bono no camarote do pai, disse: "Não. Não sou fã do U2, não conheço nenhuma música, mas ou fã de Bono Vox, de seu lado humano, seu engajamento político e social". Então, tá!

... Nem vai ver o povo se acabando para ver Bono

Bono, o guitarrista The Edge, o baterista estiloso que sabe envelhecer Larry Mullen, o baixista Adam Clayton e mais uma comitiva de 40 pessoas foram recepcionados ontem no ALEM, o eterno aeroporto 2 de Julho. Por enquanto, não há informação de nenhuma apresentação do grupo durante os dias de folia. A única coisa que se sabe é a de que os integrantes do U2 estarão no Expresso 2222.

Manamauê auêa aê
Manamauê auêa aê
Manamauê auêa aê
Manamauê auêa aê


Volto na segunda-feira. Terça-feira, estarei na cola do Fatboy Slim e na bagaceira final do carnaval de EsseEsseá. Estarei com o povo. Junto.

... Mas vai ver o povo de lá e de cá

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Tá calor, né?

- Por que eu não vou pra Salvador? Sol, mar... Que droga!

Sorry por não ter atualizado o blog desde a semana passada. Tenho um texto na cabeça, todo prontinho, mas estou com preguiça de escrever. Esse mar, esse sol, essa falta de ar condicionado... Vida duríssima, minha gente. Está impossível caminhar por EsseEsseÁ de dia. Dá aquela indisposição só de pensar. À noite, dormir é uma tarefa árdua. Rolo prá cá, rolo prá lá na cama e acabo sempre tendo o mesmo sonho: dormir na geladeira. Juro que esse dia está próximo. É só bater o desespero. Juro! A outra opção é me mudar para a casa de algum amigo que tenha ar condicionado. Mas quem? O problema dessa situação é que a gente só se lembra desse aparelhinho nessa época do ano. Pelo menos na nossa casa. Nem na minha lista de metas de 2006 está. Enquanto não compro o meu, vou me mantendo com um ventilador mega ultra turbo da Arno, na potência três, obrigado.

Se o calor em EsseEsseÁ está deixando os nativos - acostumados às altas temperaturas - em pânico, em NY é o frio que está de rachar. A tempestade de neve que castigou o nordeste dos EUA no domingo foi considerada a pior a atingir a cidade desde 1869, quando começaram os registros meteorológicos.

Frio em NY: Alguns esquiam. Outros, como as bonitas aí da foto, tentam andar de salto alto na neve. Finas, como as que tentam andar de salto no Pelourinho


É a aquela coisa, né? Nem tão quente, nem tão frio. A frase mais ouvida pela cidade inteira (não é exagero), é: "- Nossa, como tá quente essa cidade, né, não?". E a resposta: "-Noooossssa, não aguento mais!". Ou a variação: "-Tá demaiiiissss!" Felizes mesmo são os frequentadores de praia. Minhas férias acabaram e não possso mais me dar a esse luxo. Tem o sol que pediram a Deus. Agora nós, pobres proletários, desculpem a redundância, temos que aguentar isso. Nem rezar pela chuva podemos. Vai que cai no período do carnaval igual àquele dilúvio que tivemos no ano passado? Não, não... é melhor não arriscar.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Festeenval de Verão

Ontem, terminou a oitava edição do Festeenval de Verão. Me aventurei a ir na sexta-feira àquele fim de mundo chamado Parque de Exposições. A primeira impressão foi que teve menos gente do que as edições anteriores. Essa sensação foi confirmada por algumas pessoas que foram em dias diferentes. O preço, evidentemente, foi um dos fatores para esse esvaziamento. Apesar do argumento de que são seis shows por dia, soteropolitano não pensa dessa maneira. Tanto é que, na quinta-feira, qualquer pessoa, mesmo não sendo estudante, poderia comprar meia-entrada, a R$ 24. Enfim...

Pitty, Daniela e Tati Quebra-Barraco. Só se vê na Bahia

A sexta-feira foi, definitivamente, um dia estranho. Tinha rappers, axezeiros, pagodeiros, funkeiros e roqueiros teens de butique, tudo reunido. Foi um entra-e-sai no mínimo curioso da arena principal do evento. O clima "não gosto disso, não gosto daquilo, mas aturo" chegou até os bastidores. Pitty disse que não gosta de axé. O povo começou a dizer que ela tinha dito não gostava de Daniela Mercury. Pitty teve que desmentir. Falou: “Simplesmente nego me perguntou se eu gostava de axé e eu disse que não. O problema é que toda vez que a gente fala uma coisa dessa, as pessoas transformam numa polêmica. É o que vende, não é?”.

Já Daniela disse que não gosta do funk carioca e que se fosse convidada para subir ao palco com Tati Quebra Barraco, não iria: “Rapaz, eu não ia, não”. “Eu ainda não consegui, acho que falta abertura de alma. Talvez seja porque eu não saiba abrir as pernas como elas (as funkeiras)”, criticou Daniela. Quanto a Pitty, ela não deixou por menos: "Ninguém é roqueiro como a gente. Roqueiro no sentido de protesto, de idéias pela vida e pela música. O rock também é todo mestiço, também tem influências e Pitty, querendo ou não, tem influências da música da Bahia. Ela nasceu aqui e não poderia sair impune disso”. Por falar em Daniela, ela fez um de seus melhores shows. A cantora também relembrou o episódio ocorrido com o Papa Bento XVI, por causa da defesa ao uso de camisinha, e disse que vai continuar defendendo o contracepitivo.

Já Tati, a última atração da sexta, disse que tem o público dela. E mais: "A boca é minha e eu canto o que eu quiser. Se me chamam, têm que me aturar”. Pois é. O baiano, acostumado a letras do tipo (Aí, meu Deus do céu, essa mulher tá acabada/ A rapaziada te deixou arregaçada/ Sua fisionomia hoje é de metralhada/ Você tá sambada, tá sambada , tá toda metralhada/ Trá trá, toda metralhada...) não se empolgou muito com Tati no palco, não. Meio morna a apresentação da funkeira. Na night também teve Skank, CPM 22 (!), MV Bill, Hip Hop Hoots, Pavilhão 9, etc.

Pinto returns

Depois de ter sido visto com uma peruca de rasta e tatuagem de henna na festa de aniversário de João Ubaldo Ribeiro, na Ilha de Itaparica, o mega-pop-estiloso Padre Pinto deu às caras no Festeenval de Verão. Foi prestigiar o concurso da Beleza Negra, como jurado, ao lado de, entre outros, o multiuso Caetano Veloso. O tradicional concurso escolhe a Deusa do Ébano, rainha do bloco Ilê Aiye. Vestido com um chapéu de cowboy, blazer branco, calça com a bandeira do Brasil e camisa com motivos do Ilê, Padre Pinto distribuiu beijos e não desgrudou do copo de cerveja.

Padre Pinto quer ser apresentador de TV. Tudo!

Se sua aparição já é motivo de frisson, o Padre Pintou não se fez de rogado: soltou a língua e, em entrevista ao A Tarde, chamou Dom Geraldo Majella, arcebispo Primaz do Brasil e presidente da CNBB, de despreparado artisticamente. "O cardeal errou duas vezes e vou acioná-lo em juízo por ter me acusado de ser louco e merecer estar num sanatório em Roma. Ele é despreparado artisticamente e tem uma cultura castrada e castradora. Se tivesse a capacidade de enxergar com outros olhos veria o belo trabalho que é feito na paróquia da Lapinha", disse.

Quem achou isso o bastante, ainda ouviu: "Ele é pouco sensível em relação à raça negra e aos pobres que tanto participam da Igreja Católica e que são maioria no Estado". Ele disse também que a comunidade da Lapinha, intelectuais (!) e artistas farão uma caminhada de solidariedade ao padre. "Estou otimista e esperançoso que logo esteja de volta ao posto que Deus me colocou. Acredito que a resposta do cardeal será positiva e que poderei continuar a fazer o trabalho honesto de sempre".

Quem não sabe quem é o Padre José Pinto (que também é artista plástico, bailarino e estilista), dá uma olhadinha no post "A insustentável leveza de ser baiano", do dia 12 de janeiro.

Bonus Track
O produto pode não ser lá de qualidade, mas que eles são eficientes, isso, sim, eles são. Estou falando dos camelôs. No sábado, já era possível comprar DVD e CD pirata dos shows de sexta-feira de qualquer artista do Festeenval de Verão. É bom lembrar que Tati, a última artista a se apresentar, terminou o show por volta de 3 da madruga. Às 10h, já podia ser encontrada nas ladeiras da Lapa. Eles são foda.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Nas ondas do sucesso

Ou: Depois de cheirar muito saco fedido, Bruna Surfistinha, agora celebridade, dá dicas às mulheres de como conquistar um homem e nunca perdê-lo para uma garota de programa. É gente que faz.

Vocês provavelmente já ouviram falar de Bruna Surfistinha, não foi? Vamos combinar: nessa altura do campeonato, acho muito difícil que não. Sim, caros, estou me referindo à ex-prostituta que ganhou, nos últimos meses, destaque em praticamente todos os veículos de comunicação do país. Pois é... Bruna, ou melhor, Raquel Pacheco é um fenômeno. Saiu do limbo social para as capas de revistas e jornais prestigiados do país e exterior, além de ser atração garantida em programas de auditório como "Superpop" (Luciana Gimenez) e "Boa Noite, Brasil" (Gilberto Barros). Já foi entrevistada por Jô Soares e, em um dos programas do Casseta & Planeta, ganhou uma personagem: Bruna Chupetinha. Tem fãs e admiradores. No orkut, são mais de 65 comunidades dedicadas a ela.

Livro de Surfistinha já é best seller

Aí, você se pergunta: o que Raquel fez para se tornar famosa aos 21 anos? Garota de programa desde que fugiu com 17 anos da casa dos pais, em Sorocaba, para a capital São Paulo, Raquel, antenada que só (como todos nós, não é verdade?), criou um blog, O Diário de Bruna Surfistinha, e nele passou a contar as aventuras sexuais e os desprazeres da profissão. Coisas do tipo “Longe dos meus pais, com homens estranhos na cama, tive que cheirar sacos fedidos, (sic) ainda tive que enfrentar invejosos de plantão, assim como, a hipocrisia e o preconceito na sociedade”, ou então, “eu estava fazendo oral em um cliente, lembro que ele estava demorando para gozar... Até que, um segundo antes dele gozar, ele soltou um pum! (sic)”.

Foi um sucesso. Uma multidão curiosa passou a freqüentar a página da garota, que chegava a receber até 15 mil visitas diárias. No ano passado, lançou “O Doce Veneno do Escorpião – O diário de uma garota de programa". O livro já está na lista dos mais vendidos do país e é um dos maiores êxitos literários da temporada. Além de descrever os programas que teve com homens, mulheres e casais em seu flat, Bruna também dá pequenas lições para uma mulher de como conquistar o homem - e jamais perdê-lo para uma garota de programa.

Celebridade, Raquel dá entrevistas em rádio, TV e jornais

Com o sucesso, parou de fazer programa. Foram “três anos e oito dias de putaria”, como ela mesma diz, com cerca de 1.200 homens. Ela chegava a fazer seis por dia.“O dinheiro nunca foi fácil, foi apenas rápido. Nunca tive vergonha, assumi de cara limpa. Reafirmo que nunca ninguém pagou as minhas contas, o corpo é meu e a vida é minha. Ter vergonha do quê então??? Nunca me senti como uma prostituta, quem me conheceu sabe o que estou querendo dizer. Digo que fui uma namoradinha de aluguel. Rsrs”, diz no post em que conta seu último programa.

Nesta semana, Raquel estampou a capa da revista Época, que fez uma reportagem sobre patricinhas que apostam na carreira de prostituta, não pela necessidade da sobrevivência, mas para consumir grifes e circular pelo mundo do glamour. Em determinado trecho, a revista diz que o percurso da "carreira" de Bruna segue uma tendência mundial. Depois, coloca o depoimento de uma psicanalista que declara: “Escolher a prostituição é como escolher outra profissão qualquer”. É? Choque!

Em uma sociedade que valoriza o material, nada mais natural que as pessoas queiram conquistar e exibir determinados bens da maneira mais rápida. E a prostituição é uma dessas vias. A Época mostra que uma prostituta de luxo pode ganhar em um ano um salário mensal de R$ 20 mil, rendimento que uma executiva vai conquistar após 15 ou 20 anos de carreira. Não é tentador?

Pois é, vejo aí uma glamurização da prostituição. Mas não chego a dizer que isso é uma banalização e inversão de valores. Ainda acho que cada um faz o que quiser com o seu corpo (ou de sua alma). É um problema pessoal. Agora, por mais que Surfistinha conte os maus bocados que passou, muita gente vai querer entrar para o ramo achando que poderá sair ileso do negócio, o que não é bem assim. Para ser prostituta, ainda mais de luxo, tem de se ter muita vocação, sangue frio, auto-controle, profissionalismo e saber administrar o dinheiro. Senão, tudo descamba e acaba em decadência. Para a Época, são tudo flores.

Em 2004, escrevi três posts chamdados Abale-se! (o primeiro do dia 09 de junho), em que descrevia a oferta de encontros pessoais em EsseEsseÁ com base nos anúncios classificados. Se não serviu para nada, o resultado ficou engraçado. Não pela profissão (O preço de uma "companhia" variava dos R$ 10,00 aos R$ 250,00), mas pela criatividade do povo. É lá que você encontra gente como Sereia de Maceió, Pretinha e Amanda Lee. Esse nomes não têm preço!