quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Bom negócio

Ou: Tudo graças ao acaso ou à greve dos bancários.
* Ler ao som de Bahia com H

Na quarta-feira, sete funcionários da Igreja do Bonfim, templo católico mais famoso da Bahia e um dos cartões-postais mais conhecidos da terrinha, foram presos acusados de estarem furtando o dinheiro que os fiéis depositavam nos nove cofres instalados no local. A estimativa da polícia é de que o golpe tenha desfalcado a Igreja em mais de R$ 30 mil em 10 anos de ação.

A quadrilha - formada por zeladores, restauradores e ornamentadores - usava um arame em forma de anzol para retirar as cédulas pelo orifício dos cofres. Enquanto um fazia a “pesca”, os outros ficavam do lado de fora vigiando as entradas da igreja. Básico. Tudo começou com um que trabalhava no local há cerca de 20 anos. Sozinho, ele retirou aproximadamente sete mil reais.

Aí, um belo dia, um outro viu a “arte” do primeiro esperto. Pronto: também quis dar um tapa no dindin, caso contrário abriria o bico. E aí, um outro também viu e blá, blá, blá. Na base do ou-você-me-dá-ou-eu-conto, todo dinheiro furtado era dividido em partes iguais, sendo que a sexta-feira era o melhor dia para faturar. Só para se ter uma idéia, ao final dela, cada um ficava com aproximadamente R$ 400. Nada mal para quem ganhava um salário mínimo em carteira assinada.

Igreja do Bonfim e suas famosas fitinhas, que demoram horrores para partir

E como foram descobertos? Na semana passada, um empresário, devoto do Senhor do Bonfim, doou R$ 10 mil em dinheiro à Igreja. Como a greve dos bancários impediu que o tesoureiro depositasse essa dinheirama toda na conta da irmandade, ele decidiu colocar as cédulas no cofre para tentar fazer o depósito na segunda passada, 27. Quando o bendito abriu novamente cofre para pegar os R$ 10 mil, notou a falta de uns três mil. Chamou a polícia. E a farra acabou.

Ao saber da notícia, ficou uma dúvida: O dinheiro retirado pelos sete rapazes não era, tipo assim, nem sentido pela Igreja. Pelas minhas contas, em uma sexta-feira, era pescado dos cofres cerca de R$ 2.800. Ninguém nunca percebeu? Precisou algo bastante explicito acontecer para alguém fazer alguma coisa? Sei não... Tudo isso só me faz pensar que religião é o "negócio" mais rentável nos dias de hoje. Ou sempre foi?

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

De camarote

Ontem, os jornais nacionais Rede Globo exibiram imagens de um cinegrafista amador que registrou um grupo de pessoas atacando e roubando turistas na praia do Leblon, no Rrrrio. A “gangue” ou “quadrilha” era formada por cerca de 50 pessoas, entre elas mulheres e crianças. Fizeram o famoso “arrastão”.

A cena, já conhecida de outros tempos, é, no mínimo, chocante. E, embora eu esteja vendo tudo de camarote, me incomoda. Óbvio. Ter que sentir eternamente a dor de uma ferida que não quer cicatrizar (Ou não querem fazê-lo) é dose para mil leões. Além disso, notar a polícia, novamente, mais uma vez, agindo tonta e burocraticamente é irritante. Haja paciência e carnaval.

Apesar de, o Rrrrio continua sendo. Mas, até quando?

EsseEsseÁ ainda não chegou a esse ponto. O que não significa dizer que as praias de cá sejam tranqüilas. Não são. Mas ainda dá pra chegar no Porto da Barra (um exemplo), dizer algo do tipo “Ô, não sei quem. Tudo bem? Dá pra dar uma olhadinha nas minhas coisas enquanto eu vou na água?", voltar e encontrar suas "coisas" no mesmo lugar. É bom esclarecer que isso não é uma comparação.

E aí, até quando essa situação continuará assim?

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Festa dos erês - Parte II

Cena 1
Minha avó, sentada em uma cadeira, no centro da sala, observando tudo com uma bengala na mão.
- Minha avó, quem são essas pessoas?
- E eu sei lá! - Me diz bem alto. Depois, baixa a voz e me fala ao pé do ouvido, indignada: - Adélia (uma agregada que vive há 37 anos com ela, ou seja, minha tia) convidou uma menina aí e ela trouxe uns cinco amigos junto. A outra (Ana) também chamou outra aí, que também trouxe uma gangue.
- Mas tá tudo bem, né?
Dá de ombros.
- Nossa, esses meninos não param de correr, né?
- Dez horas eu faço eles pararem.
- Essa é minha vó, he-he.

Cena 2
Minha avó, circulando pela casa, vendo o-que-está-acontecendo.
- An-ran... achei a senhora! Acabaram de me apresentar a uns parentes lá fora.
- Ah, é uma filha e alguns netos de meu irmão. Vieram de Sergipe.
- Sergipe? Engraçado, eu não conhecia. A senhora teve quantos irmãos mesmo?
- Perái... – Começa a contar nos dedos – Estefânia, Edith, Santos, Petrônio...
- Mas era tudo isso?
- É... Zezé, Messias, Maria Augusta...
- Humm... Como era mesmo o nome de minha bisavó?
- Eulina. E de seu bisavô era Augusto.
- ...
- ... Zefinha, Dete...
- Tá, tá... Olha, já vou logo dizendo que se eu ficar rico, não quero ninguém na minha porta, tá?

Cena 3
Uma velhinha vem em minha direção
- A quanto tempo... Você se lembra de mim?
- He-he... – Faço cara de que estou tentando me lembrar.
- Eu sou Nicinha, mãe de Adélia.
- Ahhhhh... Nicinha... Como vai?
- Nossa como você cresceu... troquei suas fraldas, te dava banho, te levava pra missa. Desde pequeno bonito... Deve tá aprontando, heim?
- He-he. Hoje já não vou mais a missa, mas apronto que é uma beleza.
Passa um tempo.
- Você se lembra de mim?
- heim??
- Você é filho de Zé, não?
- Não. Sou filho de José Augusto. Mas, você é Nicinha, mãe de Adélia, não é?

Cena 4
Festa de Família. Um porre. Estou de ressaca. Mesmo assim, digo: antes tê-los do que perdê-los.

sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Festa dos erês

Segunda-feira, 27 de setembro, se comemora uma das festas mais tradicionais da Bahia: o Caruru de Cosme e Damião. A festa, popular e religiosa, sempre foi cercada de muito sincretismo, uma vez que os negros, na época da escravidão, vinculavam a imagem dos santos aos ibejis, orixás-crianças, para conseguir praticar o seu culto.

A influência sincrética na Bahia incorporou também a culinária africana ao evento. A comida típica é feita com quiabo cortado e cozido no azeite de dendê, sendo acompanhada de iguarias típicas: feijão fradinho, abará, acarajé, galinha de xinxim, banana da terra em azeite de dendê, milho branco, inhame, farofa de azeite de dendê com camarão, pipocas, roletes de cana e pedaços de coco. Esse farto acompanhamento é encontrado mais nos carurus de EsseEsseÁ e do Recôncavo Baiano.

Nessa época, as crianças, que são as principais personagens da festa, saem às ruas para pedir doces e brinquedos em nome dos santos. (Tá, tá... já fiz muito isso. Já fui um desses pivetinhos pintosos que ficam atrás de um doce no dia de Cosme). A comida também é servida inicialmente a sete crianças. (Tá, tá... também admito que fazia questão de sempre estar visível para ser um dos sete meninos a comer primeiro. Só tinha um detalhe: não gostava de comer em “bacia”. Me perdoem o nome bacia, mas eu esqueci o nome correto da... bacia. Bem... o meu tinha que vir em um prato, com garfo. Desde pequeno já era exigente).

Na minha família, o caruru será amanhã, onde também serão comemorados os 95 anos de Minha Avó: “A matriarca Dolé”. Muita história, não?

quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Finding the (my) sun

Enfim, a Primavera. O que quer dizer que faltam três meses para o Verão. O que significa que faltam 98 dias para minhas férias. Ou seja: JÁ NÃO É SEM TEMPO, caralho.

- Espelho, espelho meu: existe uma planta mais linda, mais majestosa do que eu?

Sou fã do Girassol. De longe, a largos passos, é a planta mais interessante que eu já vi. As outras são as outras e só. Originária da América do Norte, a Helianthus annus, ou "flor do sol" me intraga principalmente por causa de sua rotação, sempre em direção ao sol. Nada mais simbólico. O que me lembrou deste poema, do maior de todos:

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Em "O Guardador de Rebanhos", de Alberto Caeiro (FP).

terça-feira, 21 de setembro de 2004

Paraolímpicos

Ou “Que Deus nos dê o que somos capazes de suportar”

No dia 12 de julho de 2002, cinco pessoas foram atropeladas em um ponto de ônibus no bairro do Comércio, em EsseEsseÁ, por um Honda Civic conduzido por um rapaz de 27 anos que fazia pega no local. Um farmacêutico. Duas delas ficaram mutiladas. A estudante de pedagogia, Adriana, de 28 anos, que estava no ponto depois de participar do ensaio de sua colação de grau, teve que amputar as duas pernas em decorrência do acidente. Perdeu a festa de formatura. Sobreviveu. Deficiente física, hoje Adriana é professora. Passou no concurso Prefeitura e ensina crianças.

Na época, o acidente chocou a cidade. Houve manifestações de solidariedade e de protesto contra a violência e imprudência no trânsito. Não sei o que aconteceu com o farmacêutico. Provavelmente, não está preso. Afinal, ninguém fica preso no Brasil por atropelamento. É aquela velhíssima história: se você quiser matar alguém neste país, atropele. Se você for graduado e estiver dirigindo um Honda Civic, as chances de ser apanhado são menores ainda. Lamentável.

Com o episódio e com vários outros que se seguiram, fiquei e fico pensando como uma pessoa que tem a sua vida modificada de forma tão drástica consegue seguir adiante. Realmente, não tenho a resposta. Por isso, a frase no título, que tirei de algum lugar (Não me lembro de onde. Depois procuro saber) e anotei numa agenda. Enfim, a Adriana é um exemplo de alguém que sobrevive a si mesmo. Porque não deve ser fácil. No entanto, nada me chama mais atenção do que os atletas paraolímpicos que, apesar de... (e eu não sei se foi de nascença ou adquirido, não importa), são vencedores.

Com a participação de 143 países e cerca de 4 mil atletas, começou na sexta e prossegue até segunda-feira, 27, a Paraolimpíada de Atenas, a maior da história. O Brasil, que participa desde 1976 da competição, levou sua maior delegação: 98 atletas. São 19 modalidades disputas por atletas portadores de deficiências. O esporte é dividido tradicionalmente em seis classes: amputados, paralisados cerebrais, cegos, cadeirantes, deficientes mentais e os que não se classificam em nenhum delas, "les autres".

Em Sydney, o Brasil terminou a Paraolimpíada na 24ª colocação, com 22 medalhas (seis de ouro, dez de prata e seis de bronze). Ontem, terceiro dia de competição, o país conquistou quatro ouros no judô e no atletismo, além da prata na natação. Com a vitória nos 200m, a mineira Ádria dos Santos (foto ao lado, com seu guia Chocolate), deficiente visual, se tornou a maior medalhista paraolímpica brasileira, com 10 medalhas, sendo quatro ouros e seis pratas.

O pai de Kate
Bem, eu parto sempre do princípio de que todos nós temos algum tipo de deficiência. A física, obviamente, é a mais visível. Embora a sociedade tenha feito diversos avanços nos direitos dos deficientes, ainda há muito por fazer. Hoje, por exemplo, é comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoas com Deficiência. Em pensar que algumas sociedades matavam (e algumas ainda assassinam) crianças deficientes...

Como sabem, Kate é uma amiga minha hiper hypada que me apresentou ao pagodão da Marina da Penha, na Cidade Baixa (Sim, pagode. Mas não digam nada até ver o post de 16 de junho - No Rrrio, tocha olímpica. Em Essepê, parada gay. E daí? - e de 12 de julho - A curiosidade matou o gato). E é uma garota cheia de surpresas. Estávamos conversando a respeito das Paraolimpíadas quando fiquei sabendo que seu pai, de 54 anos, é deficiente visual. Há sete anos, “Seu” Adilson ficou cego, de repente, num ponto de ônibus. “A cegueira foi decorrência da diabetes”, disse Kate.

- Mas como? Você não me falou na semana passada que seu pai acusou um vendedor de estar roubando material da construção de sua casa?, perguntei.

- Você não sabe da missa a metade. Foi meu pai quem desenhou minha casa. Disse onde ficaria a sala, a cozinha, qual o tamanho do banheiro... tudo. É ele quem diz quantos blocos vão ser necessários para fazer a obra e a quantidade de cimento. E ai de quem disser alguma coisa.

- Mesmo?

- Oxê – disse Kate, revirando os olhos e respirando fundo, atestando a experiência da convivência - Ele sobe para a laje para fiscalizar o trabalho do pedreiro. Agora, me pergunte como que eu não sei.

Kate contou que, no mesmo período que Seu Adilson ficou cego, contraiu também doença renal. “Suas pernas ficaram inchadas. Quis se matar. Foi preciso minhas tias, minha avó, todo mundo conversar com ele. Encomendaram até uma missa”.

- Aquela em que o padre quase expulsava sua mãe do quarto porque ela tava tirando bobs do cabelo enquanto ele rezava a missa?

- Essa mesmo.


Além de se recusar a fazer sessões de hemodiálise, Seu Adilson fugia constantemente do hospital. Até que ficou mais quieto. “As pessoas achavam que nós não cuidávamos de meu pai porque ele chegava lá sozinho. Depois, descobrimos que não ele queria pegar ambulância porque, segundo dizia, ela dava muitas voltas”, revelou. “O que ajuda é que, como ele foi taxista, conhece a cidade de cabo a rabo. O problema é que quando sai com alguém, quer ensinar onde fica os lugares”.

Kate contou também que tem um primo de sete anos que não tem quem faça ele acreditar que Seu Adilson seja deficiente visual. “Ele brinca de esconde-esconde com meu pai e pede para dizer onde é que ele está. Pela voz, meu pai sabe onde ele está. Resultado: o menino diz que ele tá enganando todo mundo”.

PS. 1) Não vou falar da cobertura da mídia. 2) Recomendo o livro "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago, um dos melhores livros que li.

Bonus Track:
“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apensar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente.”
Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres, de Clarice Lispector

sexta-feira, 17 de setembro de 2004

Reflexão # 5

Um pequenino grão de areia
Que era um eterno sonhador
Olhando o céu viu uma estrela
Imaginou coisas de amor
Passaram anos, muitos anos
Ela no céu e ele no mar
Dizem que nunca o pobrezinho
Pôde com ela encontrar

Se houve ou se não houve
Alguma coisa entre eles dois
Ninguém pôde até hoje afirmar
O que há de verdade
É que depois, muito depois
Apareceu a estrela do mar
Estrela do Mar , de Marino Pinto e Paulo Soledade.

Bônus Track Especial Findi:
“Se você ainda não encontrou sua metade da laranja, procure uma metade do limão, adicione açúcar, pinga, gelo, bata bem e seja feliz.”
De Macaco Simão.

- Alguém me acompanha?

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Mais uma historinha...


Pinky: - E o que vamos fazer hoje Cérebro?
Cérebro: - A mesma coisa que fazemos todas as noites Pinky: tentar conquistar o mundo!

...Ou: a hibernação acabou*

Eles foram inimigos mortais durante décadas. Seus desentendimentos fizeram com que o mundo fosse dividido ideologicamente e a humanidade caminhasse sempre com a expectativa de uma grande catástrofe. Embora eles nunca tenham se enfrentado diretamente, manipularam muitas guerras e ditaduras e fizeram intervenções indiretas na vida de muitos outros animais em prol de sua causa. Muita gente morreu, desapareceu ou foi torturada até que, no final da década de 80, o grande urso finalmente capitulou e a águia, vitoriosa, pôde então voar sozinha sem ter que dar satisfação para ninguém.

Os olhos desse animal tornaram-se, então, a polícia e a Justiça deste singular planeta. Foi, inclusive, a própria águia quem cuidou das feridas do urso, uma vez que ele ainda era e é digno de respeito. Era preciso mantê-lo por perto. Por isso, caso ele reclamasse, a águia lhe dava um remedinho, um tapinha nas costas e ele calava a boca. Como não lhe afetava, deixava-o também resolver sozinho seus problemas. Mas sempre de olho aberto. E a águia ficou cada vez mais rica e mais invejada.

Até que, em setembro de 2001, o animal mais poderoso que se tem notícia na face da terra, para espanto e incredulidade de todo o reino animal, foi ferido. E a dor moral pela humilhação ainda hoje continua sendo bem maior do que foi a física. Desorientada, a água enfurecida caça obsessivamente seus algozes-caçadores. Sabe quem são (lembra-se constantemente que já cuidou um dia deles na tentativa de acabar com o grande urso), mas agora eles são muitos (como puderam?) e se escondem feito ratos. “Vou acabar com todos. Quem não estiver comigo, está contra mim e pagará por isso”, cuspiu a águia contra seu reino, enfurecida. E o mundo pergunta-se, novamente inseguro, até onde vai a fúria cega da ave.

Humilhada, a águia parte para a guerra. Mas, contra quem?

Enquanto isso, o urso, capenga, pobre e fraco, ia levando a sua vida. Olhava as atitudes da águia com desdém, saudoso do tempo em que ainda rugia alto. “E ela aí, essa filha-da-puta, cagando e andando para quem a critica”, dizia. Esperou e esperou. Até que em setembro de 2004, sentiu novamente uma porrada em suas costas. Era um problema seu antigo, mas já estava cansado de dar satisfações àquele bando de animais civilizados europeus. O urso resolve, então, interromper a sua hibernação e tenta colocar as suas garras de fora. “Meu cu, caralho! Eu não sou o Zé Colméia. Se a águia pode, por que não eu?”, pergunta-se o mamífero com a boca espumando. E o mundo paralisa. E a águia diz, com sotaque baiano e um misto de surpresa e constrangemento: “Ôxe!

Pinky e Cérebro

George W. “Pinky” Bush, um cowboy filhinho-de-papai muito burro, e Vladmir “Cérebro” Putin, um ex-espião do serviço secreto da Rússia, a KGB, são os comandantes atuais da tal águia furiosa (Estados Unidos) e do urso ressentido (Rússia), respectivamente. O primeiro, depois de tentar de todas as maneiras acabar com o que a América têm de melhor – as liberdades individuais, agora quer a re-eleição. Apesar do ódio de grande parte do mundo, o americano médio, que não é muito reconhecido por sua inteligência, votará em Bush. O segundo, utilizando-se do massacre da escola de Beslan, agora quer combater uma suposta ameaça terrorista internacional restringindo e esmagando o já mambembe regime democrático russo. O que é engraçado, uma vez que o problema do urso tem nome e endereço.

Pinky e Cérebro: unidos contra o terror

Além disso, Cérebro é visita constante no famoso rancho do Texas de Pinky (soberbamente retratado no “documentário” Farenheit 11/09, de Michael Moore), ao contrário de aliados tradicionais da águia. No último domingo, Pinky apareceu na embaixada russa em Washington para assinar o livro de condolências e declarar que os dois países "estão unidos para combater o terrorismo".

Well, guys! dizem que é mais fácil contornar as grandes catástrofes do que as pequenas, minúsculas até, misérias de cada dia. Se Pinky sozinho conseguiu acabar com o Afeganistão e assassinar, até o momento, mais de 10 mil iraquianos em nome da democracia e do perigo que aquele país representava, o que ele e Cérebro não poderão fazer juntos?

*A primeira "historinha" foi publicada no dia 04 de agosto.

terça-feira, 14 de setembro de 2004

Receita para a serenidade

Eternidade. Vida. Mundo. Deus

Quando você estiver "naqueles dias", em que nada fizer sentido e tudo der errado, escreva estas singelas palavras numa folha de papel de alto a baixo (não vale o copy and paste do computador, heim, meninos! Tem que ser na velha e boa mão grande). Pouco a pouco a serenidade retornará, uma vez que elas matarão o sentido de muitos de seus problemas e te deixarão frio(a) por algumas semanas, tão minúsculo(a) você se descobrirá. Tem que controlar a respiração também. Ah!, quem quiser pode ainda acrescentar a palavra Amor. Agora: isso é só um conselho. Não me responsabilizo pelo que possa vir a acontecer. Depois, me digam se deu certo, ok?

Vamos lá:
Eternidade. Vida. Mundo. Deus. Eternidade. Vida. Mundo. Deus. (Respira...)Eternidade. Vida. Mundo. Deus. Eternidade. Vida. Mundo. Deus. Eternidade. Vida. Mundo. Deus. Eternidade. (Respira...)Vida. Mundo. Deus. Eternidade. Vida. Mundo. Deus. Eternidade...

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

Mão que nos guia?

Por acaso, no domingo encontrei este poema de Fernando Pessoa em um caderno meu antigo quando estava procurando alguma outra coisa. Gosto dele. Acho perfeitas as imagens que ele provoca, coisa que Fernandinho faz bem que é uma beleza. Enjoy it.


Súbita mão de algum fantasma oculto

Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto

Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto

E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão noturna que me guia

Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.

Do livro Mensagem

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Uma coisa assim... Eu

Ou: Estou com preguiça. Quando isso acontecer, partirei para mim mesmo. Parte I, de 2.658.

Como ninugém percebeu, sou de Salvador, cidade que amo e odeio na mesma intensidade. Por isso, quero urgentemente passagens de ida para Amsterdã, Madri, Manhattan ou Barcelona. Depois, lá, eu penso se quero voltar. Sou reservado. Não gosto que me encarem, mas gosto de cores. Não suporto multidão, com exceção do Carnaval (óbvio!) e do Reveillon (porque as pessoas realmente desejam um mundo melhor).

Já recebi cartas de amor, torço pelo Bahia (é incrível isso, mas fazer o quê, não é?) e pela Mangueira. Canto no banheiro e acredito em São Jorge. Deve ser por isso que dizem que sou de lua. Detesto gente deslumbrada. Tenho duas irmãs e um irmão: Sou o terceiro da fila e puxei a minha mãe, que é uma gata. Não tenho boas relações com o telefone. Embora seja altamente sociável, às vezes, preciso ficar só. Também gosto de trabalhar. É incrível isso, mas é verdade. Mando demais. Tenho que ser convencido, mas convenço os outros que é uma beleza. Na encarnação passada, provavelmente fui um rei, ou um general, ou um grande religioso, ou um rebelde condenado por influenciar o sistema, como todo mundo. Detesto gente sem humor.

Tenho um bronzeador de Canela e Urucum que é daqui ó! Minhas mãos e pés já foram idolatrados. Minha avó, de 94 anos, é minha referência. Sou geminiano, mas não acredito em horóscopo. Costumo e adoro fazer pose, assim como rir de mim mesmo. Mas, cuidado: só EU posso rir de mim mesmo, tá? Não gosto que as pessoas cheguem atrasadas. Já escrevi cartas de amor. Falta de respeito me deixa puto (e, cara, se eu estou puto é melhor sair de baixo!) e admiro gente mais orientada do que eu. Isso é sério. Não sei cozinhar e faço coleção de tíquetes de shows, o que já atesta a minha sanidade mental.

Fernando Pessoa é o meu poeta preferido. Curto praia e mar, adoro música (algumas me deixam de mau humor) e gosto de cachorro. Pretendo ter em breve um labrador, daqueles bem grandes. Detesto gritaria (O labrador vai aprender a não latir). Praia me excita. Costumo cantar depois que acordo. Desprezo gente que se leva a sério. Nunca vi amor eterno. Beijo me deixa fora de controle. Abraço me cativa. Sem falar que eu sou lindo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2004

Passageiros

Ou "Janelas da Alma", ou "Cadê?", ou "Até que um dia...", ou "O olhar", ou "Já era para acontecer", ou "Contato", ou "A viagem"... Enfim, você decide.

Sobe. Nos encontrávamos diariamente no ônibus 253. Pontualmente às 07h47. Olhávamos-nos, investigávamos mutuamente quem era aquela outra pessoa. Olhos aflitos, cheios de curiosidade, respiração ofegante, entrecortada. Nunca sentávamos juntos. Era como que uma espécie de acordo. Apesar disso e como se fosse combinado, ficávamos em lugares estratégicos do veículo para nos observarmos melhor. Cada mínimo gesto de um era percebido pelo outro. E ele significava muito, muito mesmo. Sobe.

Tudo de cada mínimo era motivo para olharmo-nos por uma fração de segundo, a medida de nossa relação. O segundo era por assim dizer o nosso mais longo contato. Nada nos importava. Nossa atenção só se desviava, por segundos, quando o grande mar cor de prata aparecia como um tapete. Os novos rostos, após rápida inspeção, eram devida e rapidamente ignorados. Estávamos como que Namorados, embora um não dissesse nada para o outro. Pra quê? Nossos olhos já revelavam nosso desejo. Desce.

O verbo até então não era necessário. Brigávamos algumas vezes, como todo casal, principalmente quando a atenção de um era um livro qualquer ou, então, um amigo que aparecia sem ser convidado. Naturalmente que eles tomavam a exclusividade exigida pelo olhar do outro. Eram intrusos, como cisco no olho. Nesses momentos, a comunicação era de alguma forma bloqueada, quebrada... uma traição! O desejo quer posse? Contudo, depois do ciúme por um olhar exclusivo ser dominado em segundos, nosso encontro se tornava muito mais forte, mais umbilical. Nossos sentidos se expandiam. Sobe.

Desejo. Conexão... Conquista

E a curiosidade aumentava. Brincávamos de tentar descobrir o que o outro lia, ouvia, para onde iria...tudo. Tudo era como que mais um bloco sendo colocado na construção de nossa vida em comum. E que passo importante se conhecer o outro! Sabíamos, depois de um tempo, o que cada um gostava, o estilo de se vestir, os acessórios, e éramos rigorosos. Também tomávamos cuidado com os olhos grandes, dispostos a acabar com a felicidade alheia. O problema era quando o ônibus enchia, ou tinha uma rotatividade grande de passageiros. Por causa disso, começamos a aprender truques cada vez mais sofisticados. Sobe.

Até que um dia um não veio. Desce.

Tudo mudou. Para o outro, foi o pior momento para o seu olhar, que ficou perdido, desorientado, sem rumo. Tentou entender os outros olhares, mas os outros não o interessavam. Olhou para o mar que tanto gostava, mas não concedeu nenhuma atenção à sua beleza. Só via o horizonte. Não, só via além do horizonte. Dizem que é bom ver além, mas não havia realmente nada. Essa experiência não era tão agradável quanto ouvira falar. E uma sucessão de imagens e perguntas passava confusamente pelos seus olhos e sua mente. “O que aconteceu?”. “Por quê?”. Desce.

No dia seguinte, não apareceu novamente. No terceiro, quarto... também não. Passou-se uma semana e nada. Era uma tragédia. Lembrou-se que a vida humana é trágica, que termina em dor e morte. Por acaso, alguém tinha dito que seus olhos tinham perdido o brilho. E cada dia a mais sem o outro, um bloco caía da construção. “Éramos Namorados”, dizia com seus olhos sem brilhos para outros olhos, indiferentes. Duas semanas... Sobe.

Tentava fazer com que suas lembranças dos últimos três meses lhe fizessem companhia. O primeiro olhar... ah, o primeiro olhar... Esse foi o mais longo. Uma eternidade. Parecia que tudo tinha parado naquele instante. Mas, não, ao contrário, de maneira que seus corações haviam acelerado e suas mãos suavam. E se perturbaram. O que está acontecendo? E imperceptivelmente sorriram, com um desses sorrisos que falam por si. Mas muito constrangidos. Sobe.

Depois, vieram os olhares ousados, de descobridores. Olhos cor-de-mel inspiradores, olhos negros tentadores. Desejo. Conexão. Conquista... Três semanas. Falta, perda. Até que, de repente, viu um dos amigos do outro. Mas seus olhares nunca se bateram. Menos um bloco. Mais um dia. Novos passageiros. Antigas caras. O trajeto passou, então, a ter importância. Muita, de modo que tentava em vão fixar cada ponto, cada lugar, as cores berrantes, os sons estridentes, as palavras mal escritas, mesmo que tudo fosse tão mal cuidado e feio! Não reconhecia nada. Seu mau humor era evidente, podia-se notar. Por isso, decidiu não olhar mais para ninguém. Não valeria a pena e nada substituiria o outro. Esse era o caminho mais sensato. Sobe.

Mas, sem se dar conta, o outro estava lá há, pelo menos, uma semana, atordoado, esperando um olhar, um segundo de olhar. E nada acontecia. Suas férias foram tão desejadas. No entanto, quando chegaram não as queria mais. Tinha marcado até viagem. Queria desistir, mas não podia. Sentiu culpa por não ter se despedido. Sentiu saudade. Sentiu muito durante os dias que passou distante. Queria voltar o mais rapidamente para se explicar. Tentou, inclusive, ficar em pé. Em vão. Mais uma vez e nada. “Desistiu de mim”, pensava. Não obtinha resposta e não reconhecia mais aquele olhar. Parecia triste, sem brilho. Um dia, sem querer mais esperar, sentou-se ao lado do outro e perguntou: - Posso sentar aqui? Desce.

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

Tio Silvio e Marlenão

Ou: Se a televisão brasileira é o que é, ela deve e muito a essas duas figuras.

Há mais de 40 anos fazendo televisão, Tio Silvio continua sendo dos mais populares apresentadores deste impagável país. Referência na área, ele é imbatível na arte de animar o povo e conseguir audiência com programas bagaceiros. No entanto, já se foi o tempo em que os funcionários do SBT cantavam “Silvio Santos vem aí, lá lá lá lá lá lá”. Hoje, ao contrário, ninguém mais quer ver o “homem do Baú” por perto. Os mais maldosos (sempre estes) dizem que Tio Silvio está despertencido. Não sabe o que é? É só ir aqui que o Phelipe explica no post do dia 30/08. Ha-rai!

De acordo com as últimas notícias, além de todos os programas serem gravados, tudo na emissora, desde escolha de pautas e convidados até o tempo em que cada atração ficará no ar, está sendo definido por ele. O controle é total. Tio Silvio teve, inclusive, a sacada de colocar estagiários como espiões nas produções de Ratinho e de Gugu. Os meninos foram orientados a controlar os passos de cada funcionário: anotam quando um produtor vai ao banheiro, come ou sai da sala e quanto tempo cada um demora quando não está trabalhando. Ha-rai! Imagina se a moda pega. Não quero nem pensar...

Sofazinho da Hebe também terá que ser aprovado por Tio Silvio

Feltrin explica que essa atitude de decretar o fim dos programas ao vivo no SBT está revoltando as estrelas, como Hebe, Ratinho e Gugu, que pensam (apenas pensam) em trocar de cantinho. Apesar de tudo, o carioca, ex-camelô da av. Rio Branco (Rrrrio), quando não inventa que sofre-de-uma-doença-grave-e-que-vai-morrer-a-qualquer-momento, é ainda considerado um exemplo de sucesso e ídolo para profissionais de televisão. Veio dele: Show de Calouros, Roque, Bozo, Maria do bairro, Carrossel, Chaves, A Praça é Nossa, Telesena, Chispita, Mara Maravilha, Gugu, Namoro na TV, Roletrando e Aqui Agora, entre outras pérolas, como Ha-rai, Ri ri!

Marlene no mundo da imaginação
Não faz muito tempo, depois de deixar de ser o "canal do esporte", a Band não conseguia emplacar direito um perfil de programação. Era uma emissora confusa que não tinha mais uma marca forte na cabecinha lenta do telespectador brasileiro. No entanto, após a contratação de Marlenão, a sisuda emissora paulista, antes macho-que-só-gostava-de-futebol-e-cine-band-privê, assume aos poucos sua nova faceta: é mulher e gay. Atualmente, a Band é só cor, plumas e fofoca. Programas como Melhor da Tarde, De olho nas estrelas, Boa Noite Brasil, A noite é uma criança e Jogo da Vida retratam como será a “nova” fase da emissora na era Marlene.

Preta: uma das estrelas da Era Marlenão na Band

Mesmo tendo de engolir o evangélico R.R. Soares, com o seu lucrativo "Show da Fé", a maranhense, consagrada por empresariar e dirigir Xuxa, é a responsável por todos os programas na linha de entretenimento e shows da casa, além da criação de qualquer coisa. Bem, Marlenão já tem experiência. Veio dela: Na Tv: Xou da Xuxa, Xuxa bobeou, dançou, Xuxa hits, Xuxa Park, Planeta Xuxa, Xuxa só para baixinhos. No cinema: Super Xuxa contra o baixo astral, o clássico Lua de cristal, A princesa Xuxa e os trapalhões, Xuxa requebra, entre outros xuxas. Na música, Xou da Xuxa 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7... Mais: bonequinha da Xuxa, sandalhinha da Xuxa, relógio da Xuxa, celular da Xuxa, qualquer outra coisa Xuxa, Xuxa, Xuxa, Xuxa... talvez Sacha. Temos sorte de tê-los sempre por perto.

quinta-feira, 2 de setembro de 2004

Pintura contemporânea

- C´est une Michelangelo?

É engraçado, mas essa foto* me lembra algum quadro religioso. Me remete a algo até nostálgico. Veja que iluminação... a expressão das personagens... o figurino... Parfait!. O cenário foi uma contribuição do Exército israelense, que invadiu com tanques o campo de refugiados palestinos de Khan Younis, em Gaza, e demoliu várias casas no local.

* Khalil Hamra, da Associated Press

quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Festa estranha com gente esquisita. Eu quero mais birita

Very cool
Você, finalmente, está em sua casa depois de um dia de operário, bem cool. Sua meta é assistir algum programa bagaceiro, tipo Sem Saída, da Record (afinal você está cansado demais para reler Clarice Lispector), e torcer para a Juliana zoiúda sair do programa. Daí você recebe uma ligação e, com ela, um convite para ir ao Barra Fashion e a pergunta: “- Quer se divertir?” O que você faz?

Gafanhotos
De repente, as luzes se apagam e o espetáculo começa. tum tistum tistum... Daí, você vê um esqueleto vestido vindo em sua direção. Ele passa por você. Depois, aquilo se transforma em uma invasão de esqueletos (ou zumbis, ou gafanhotos) com rostos maravilhosos vindo em sua direção. E passam por você. "Mas que andar é aquele?", "Nossa, ela é gente?", "Que bundinha murcha é essa?", "Ei, peraí, aquela é a Mariana Weickert?".

Invasão de gafanhotos ataca fashionistas. Mariana

Os incluídos
Cada vez fica mais evidente que quanto mais “incluída” é uma pessoa, mais ela aprecia alguma coisa de graça. Se advogados, médicos, publicitários e jornalistas, por exemplo, adoram um coquetel 0800 ou um brinde (lembrancinha é coisa de década de 80, tá?), o mundinho fashion a-do-ra mais ainda. No entanto, em EsseEsseÁ, a disputa por um convitão para fazer carão comendo e bebendo de graça é acirrada, uma vez que o mundinho fashion aqui é mundinho mesmo, cheio de socialite morta-de-fome-arroz-de-festa. Então, vem gente do Rrrrio e EssePê para dar um upgrade e dar ao mico local um ar mais cosmopolita. Tudo.

Celebridade
Evento de moda não é um evento de moda sem celebridades ou quase celebridades. Leia-se alguém da Globo. Hummm... Eu usei “leia-se”? Adoro a expressão leia-se, muito utilizada pelos colunistas sociais da terrinha. Eles escrevem, por exemplo: "Tinina de Souza estava deslumbrante usando um colar de pedrinhas de Santa Luz, leia-se Carlinhos Rodinha". Haha. Pronto!, já saí do tema... Bem, celebridade que se preze, estando na “terra da felicidade”, dirá invariavelmente (não nessa ordem): “eu adoro a Bahia”, “eu amo de paixão os baianos”, “essa terra é mágica”, “essa terra tem uma energia muito boa”, “sempre que posso dou um pulinho aqui”, “com certeza, estarei no próximo carnaval”, etc. Sempre. Débora “Darlene” Secco esteve por aqui e provou que a cartilha funciona horrores. Os poucos jornalistas presentes e estagiários da TV local fizeram o maior enxame.

Rapidinha
* Sobre o praticamente único colunista de moda da cidade, ops!, de fofocas do mundo da moda, eu digo: Em terra de cego, quem tem olho é rei!
* Rojane Fradique tomba as concorrentes.

Fim, com diversão garantida. Ué, mas a zoiúda ainda está no Sem Saída?